quinta-feira, 31 de março de 2011

Apatia(Parte 2).

“Oh Mamãe!!! Quanta falta você me faz!!! Sua ausência causa-me tanta dor... meu alívio seria poder arrancar esse maldito coração!!! Sinto falta do seu cuidado, do seu carinho, da sua preocupação excessiva, das broncas... ah se eu soubesse!!! Eu seria capaz dar a minha própria vida(Não vale nada, mas é tudo o que eu tenho...), pra que você continuasse trilhando o seu caminho! Eu tinha tanta certeza de que tudo iria mudar! Eu tinha tanta certeza de que você daria a volta por cima! Eu tinha tanta certeza de que Deus ainda iria te honrar muito nessa vida... eu ainda não consigo acreditar que foi tudo em vão, não consigo encontrar nenhum significado para isso, que não seja INJUSTIÇA!!!

Eu nunca mais serei o mesmo...

Eu nunca mais crerei da mesma forma...

Eu nunca mais viverei da mesma forma...

Há 22 anos, procuro por um fato que justifique minha existência, e é óbvio que nunca encontrei tal delírio! Mas sempre procurei me apegar ao que mais me motivava e me incentivava a continuar trilhando essa horrenda fábula chamada vida: Te honrar, te orgulhar, mesmo na maioria das vezes me sentindo um estranho, idiota, incapaz... mas eu tentava! Eu tinha pelo o que tentar! Eu realmente queria chegar ao topo do universo só pra dizer que você era a razão de eu estar ali! Dizer que tudo valeu a pena! Mas fui traído por meus próprios desejos... já dizia Schopenhauer que quem deseja, sofre... é inevitável, é o ciclo de desgraça desta maldita existência!

EU ODEIO ESTE LUGAR!!! EU ODEIO ESSA VIDA!!!

Está tudo acabado...”

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ah se...

“Oi Mamãe!

Hoje fazem 2 meses e 19 dias que você se foi... e eu ainda não entendi, não acredito, não aprendi... isso nunca foi o que eu esperava pra minha vida, eu sei que ninguém espera, mas eu... de certa forma pensava que eu iria partir primeiro, sei lá... depois de tudo o que passei em minha adolescência, de fato quase fui embora algumas vezes, nunca imaginei que um dia ficaria sozinho aqui nesse lugar horrível. Você sabe que esse mundo nunca foi um lugar que me trouxe grandes prazeres, no máximo algumas alegrias esporádicas, mas que nunca chegaram nem perto da crise existencial que me assombra continuamente... estou sempre questionando tudo, tentando entender tudo! Não é de hoje que minha alma grita por uma resposta para todos os ‘por quês’ que inundam minha mente, e naturalmente, também não é de hoje que não sou bem sucedido em minha busca... É engraçado, mas questiono até o fato de eu ser assim: POR QUÊ!!?? Tenho a constante sensação de que se eu conseguisse me adequar a uma forma pré-concebida de vida, tudo seria bem mais fácil... Se eu tivesse feito das suas escolhas, as minhas, tudo teria sido mais fácil. Se eu conseguisse ser apenas um garoto ‘normal’ com sonhos limitados apenas a conseguir empregos cada vez melhores, cursar uma boa Faculdade, acumular dinheiro, constituir uma família e morrer, de certo, tudo seria mais fácil. Se não fosse do meu feitio, esse espírito curioso, inconformado e questionador, essa ambição por revolução, tudo seria mais fácil. E mais uma vez a história se repete... se eu não questionasse tanto o fato de você não estar mais aqui, tudo seria mais fácil... Mas ao mesmo tempo algo me empurra para a realidade de que existe uma razão para eu ser assim, ainda não descobri qual (dói ser assim, dói pensar que tudo poderia ser mais fácil...) e talvez eu nunca descubra, mas preciso continuar crendo, preciso continuar correndo atrás desta razão, mesmo que de olhos vendados. Isso é o que me motiva, o que me faz continuar... necessito manter-me crendo que você gerou alguém com um propósito para este lugar, alguém que assim como você, tem a capacidade de estampar sorrisos em muitas faces, alguém que de uma forma ou de outra realiza-rá algo bom em prol de muitas vidas. Não sei como, quando, nem onde, só sei que preciso continuar...”

"Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo; vista pelos velhos, um passado muito breve." Schopenhauer.